
20 de ago. de 2024
Onde Habita a Cultura de Aprendizagem?
Onde Habita a Cultura de Aprendizagem?
“Toda organização tem uma cultura de aprendizagem. A diferença está em quem cuida dela — ou deixa que aconteça por inércia.”
Quando falamos em cultura de aprendizagem, é comum imaginar programas, treinamentos, plataformas. Mas isso é só a superfície. A cultura de aprendizagem não é um produto, nem um projeto com começo, meio e fim. Ela é um ecossistema vivo. E, como todo ecossistema, pode florescer ou sufocar — dependendo de como é nutrido, percebido e cuidado.
Neste post, vamos explorar onde, de fato, habita essa cultura. E o que podemos fazer para ativá-la com mais intenção, liberdade e potência.
1. Cultura de Aprendizagem não é o que você diz. É o que as pessoas vivem
A nōvi propõe uma definição simples e poderosa:
Cultura de aprendizagem é a forma como as pessoas se comportam em relação às práticas de aprendizagem dentro de uma comunidade — a partir das mensagens e estímulos trocados entre seus membros.
Ou seja, não basta dizer que a empresa valoriza o aprender. É preciso observar:
Como o tempo é usado
O que é celebrado ou ignorado
Quem ensina, quem aprende — e quem pode errar
Se há espaço para troca, reflexão e descoberta
Cultura de aprendizagem é comportamento, não discurso.
2. A Cultura já está aí (mesmo que você não veja)
Toda organização tem uma cultura de aprendizagem. Mesmo que nunca tenha falado sobre isso. Mesmo que não tenha uma área de T&D.
Ela se manifesta nos detalhes:
Em como líderes reagem a uma pergunta sem resposta.
No que se aprende ao participar de um projeto difícil.
No que acontece quando alguém erra em público.
O ponto é: existe uma cultura para aprender, mesmo sem intenção. O convite da aprendizagem intencional é parar de operar no automático e começar a cultivar essa cultura de forma consciente.
3. Os vetores que moldam o invisível
A nōvi mapeia as forças que atuam sobre essa cultura como vetores — alguns internos, outros externos.
Internos:
A cultura organizacional: Valores vividos no dia a dia moldam como o aprendizado é percebido.
A estratégia do negócio: Define prioridades, pressiona por resultados e determina quanto tempo é "permitido" para aprender.
Externos:
O paradigma educacional vigente: A velha ideia de que aprender é sentar, ouvir e ser avaliado.
O zeitgeist: O espírito do tempo que valoriza agilidade, performance e reinvenção constante.
Esses vetores muitas vezes atuam de forma invisível — mas não inofensiva. Eles ditam o que é possível, o que é esperado e o que é ignorado.
4. As chaves para estimular uma cultura viva
Para a nōvi, uma cultura de aprendizagem madura é aquela que:
Estimula a autonomia dos aprendizes
Valoriza a troca entre pares
Reconhece o valor do aprendizado informal
Integra aprendizado ao fluxo do trabalho
É percebida como relevante para a vida e o negócio
Isso exige uma transição importante: sair do paradigma do controle e entrar no da confiança. Sair do modelo escolar e abraçar o modelo de ecossistema.
5. O papel do design na cultura
Design, aqui, não é um enfeite. É uma prática essencial.
Criar uma cultura de aprendizagem envolve:
Desenhar narrativas que ajudem as pessoas a entender o que é aprender ali
Criar espaços e rituais para o aprendizado acontecer no cotidiano
Mapear vetores positivos e negativos, como propõe a ferramenta da nōvi
Prototipar intervenções, testando e ajustando iniciativas de forma ágil e leve
Mais do que fórmulas, precisamos de processos vivos. Processos que escutam o que já está presente — e desenham o que ainda não está.
6. Cultura não se implanta. Se cultiva.
Talvez o maior equívoco seja tratar a cultura de aprendizagem como algo que pode ser "implantado". Cultura não é software.
Cultura é solo. É bioma. É campo fértil que precisa ser cultivado.
E isso leva tempo. Requer presença. Exige decisões difíceis — como abandonar práticas ultrapassadas, descentralizar o poder sobre o que se aprende, criar rituais de cuidado com quem aprende.
7. E então: onde ela habita?
Ela habita nas conversas de corredor.
Nos erros cometidos sem punição.
Na curiosidade que vira projeto.
No silêncio respeitado de quem está refletindo.
Na troca sincera entre quem sabe e quem quer saber.
Ela habita nos detalhes.
E floresce onde encontra espaço.
8. Um convite
Se você está lendo esse texto com vontade de provocar mudanças, comece por uma pergunta simples:
O que é aprender aqui, na sua organização?
A resposta não virá em um PowerPoint. Ela virá das histórias vividas, das conversas francas, dos sinais sutis. E é a partir delas que o novo pode emergir.
Porque a cultura de aprendizagem não é uma meta. É um modo de existir.
E existe, sobretudo, onde há gente que escolhe aprender — com intenção, liberdade e amor ao processo.